Entrevista: Vinicius Lummertz, Presidente da Embratur

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Leia a entrevista com Vinicius Lummertz, presidente da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), empossado em 02 de junho. Aqui ele apresentou a Embratur e suas expectativas em relação ao turismo nacional.

 

00 (2 de 15)“Como secretário Nacional de Políticas de Turismo, desde setembro de 2012 até maio de 2015, coordenei a formulação do Plano Nacional de Turismo 2013-2016 e fui responsável pelas áreas de Produtos e Destinos, Marketing, Estudos e Pesquisas e Eventos do Ministério Turismo, além de ter sido secretário-executivo do Conselho Nacional de Turismo. Antes de ir para o governo federal, atuei como secretário de Turismo de Florianópolis, posto no qual coordenei a organização de vários eventos, entre os quais a Fenaostra, o Natal Encantado e o Reveillon 2012. Também fui presidente da SC-Parceria entre janeiro de 2004 e dezembro de 2006 e secretário de Articulação Internacional de Santa Catarina entre 2007 e 2010, período em que implementei a Escola Nacional de Administração, uma parceria com a ENA da França, e organizei o WTTC (encontro mundial de turismo em Florianópolis). Acumulei, durante 2010, o cargo de Secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão de Santa Catarina. Fui diretor da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina) e diretor técnico do Sebrae Nacional. Estudei Ciências Políticas na Universidade Americana de Paris e fiz pós-graduação na Kennedy School, da Harvard University (EUA), e no IMD, em Lausanne (Suíça).”

 

 

O Brasil é a 9ª economia turística do mundo. O Turismo corresponde a 9,6% do PIB nacional, em contribuição direta e induzidas. Na balança de exportações brasileira, o Turismo é o 5º item, ficando atrás apenas de minério de ferro, soja, petróleo e açúcar. Além disso, o país é o 3º mercado doméstico de aviação comercial do mundo (ICAO) e conta com 8,5 mil km de litoral e 3º no ranking de águas interiores navegáveis (atrás da China e Rússia). É considerado o país mais competitivo do mundo em Recursos Naturais e que as 80 maiores empresas têm um faturamento de R$ 66,8 bi e respondem 117,5 mil empregos (aéreas, operadoras, agências de viagem, hotéis). De acordo com dados do Sebrae, o Brasil tem 774.569 micro e pequenas empresas que atuam no ramo do Turismo. Dessas, 24.129 são empresas de transporte de passageiros, 34.609 são agências e operadoras de turismo, 45.054 são do ramo de hospedagem, 643.363 são bares e restaurantes e 27.414 são empresas de eventos. (Base de dados é o CNAE 2012 – dado mais recente).

 

Plataforma 10 – Quais as expectativas da Embratur para o turismo no Brasil para 2015 em relação ao cenário econômico atual?

Vinicius Lummertz – A Embratur, que completa 50 anos em 2016, teve um grande papel do desenvolvimento do turismo no Brasil. Seu passado deve ser honrado. E a melhor forma de fazê-lo é fortalecendo sua capacidade de entrega e a ampliação do seu papel na economia brasileira. Além da ampliação da promoção vamos trabalhar a captação de investimentos estrangeiros, integrando o turismo brasileiro nas cadeias produtivas internacionais. Vamos incorporar nas nossas ações as mais modernas ferramentas de comunicação digital, acompanhando as evoluções que estão ocorrendo em entidades semelhantes ao redor do mundo, adaptando-as à realidade brasileira. Entre 140 países, segundo dados do Fórum Económico Mundial, nós somos o primeiro em potencialidades naturais, como biodiversidade e paisagens. Melhoramos nossa competitividade com a construção de muitos hotéis e a modernização dos aeroportos. Porém, quando olhamos as condições de implementar um negócio no Brasil, dos 140 países pesquisados pelo Fórum, nós estamos na posição 137.  É preciso melhorar isso e a Embratur pode ter um papel importante para fomentar o moderno capitalismo no turismo brasileiro, gerando mais riqueza, renda e empregos.

 

Plataforma 10 – O Ministro Henrique Alves declarou na 15ª Reunião de Ministros do Turismo (16/05/2015) que: “O turismo vem se firmando como uma das atividades econômicas mais promissoras do mundo e hoje representa 9% do PIB global. Em 2014, enquanto a economia mundial mantinha o pessimismo impulsionado por uma das mais graves crises das últimas décadas, o setor mostrava vitalidade e registrava um crescimento de 4,4% no número de viagens internacionais. As perspectivas para 2015 são também de crescimento e neste cenário, a América do Sul aparece em destaque e essa é, mais do que nunca, a hora de potencializar o Mercosul.” Quais as propostas da Embratur para potencializar o turismo no Brasil?

Vinicius Lummertz  – A Embratur trabalha com a promoção e divulgação do Brasil no exterior. Queremos também que a Embratur trabalhe com a possibilidade do marketing interno, além do internacional, mas essa é uma estratégia que está sendo discutida, pois a Embratur vive agora um momento de reformulação. A economia do turismo é muito diferente hoje e, nesse sentido, estamos trabalhando para renovar essa importante autarquia. Meu compromisso é garantir que essa mudança macro estratégica aconteça de forma responsável e sustentável para que o turismo finalmente se posicione econômica e politicamente como uma importante ferramenta de desenvolvimento do País. Num primeiro momento, o foco continua sendo os países do continente americano, não só pela proximidade geográfica, mas porque são a origem da maior parte dos estrangeiros que visitam o Brasil. Mas, no médio e longo prazos, precisaremos ampliar ações na Europa e na Ásia, em especial na China. Neste ano, segundo estimativa da OMT (Organização Mundial de Turismo), os chineses farão mais de 100 milhões de viagens ao estrangeiro e, até, 2020 esse número deverá duplicar.

 

Plataforma 10 – A Plataforma10 conta com o Selo Brasil Sensacional, pode adiantar quais as próximas novidades em relação ao incentivo propagado através do Selo?

Vinicius Lummertz – Criada a partir dos resultados apontados pelo Plano Aquarela, documento que norteia as ações de promoção turística do País no exterior, a Marca Brasil representa a imagem do turismo do Brasil e de seus principais atributos de exportação. Além disso, a marca traduz a imagem que o turista estrangeiro tem do País: multicolorida, refletindo aspectos como alegria, sinuosidade, luminosidade e modernidade. A marca foi criada em 2005, a partir de uma concorrência nacional, vencida pelo designer Kiko Farkas. A seleção aconteceu entre cinco finalistas, de 37 concorrentes, realizado pela ADG (Associação de Designers Gráficos). As cores foram escolhidas a partir da opinião de 190 operadores turísticos de 18 mercados, 1.200 turistas que visitaram o país e 5.000 pessoas de 18 países que nunca estiveram no Brasil, que, por meio de pesquisa, indicaram a sua visão do Brasil: o verde, que reflete as florestas; amarelo, que ilustra o sol e luminosidade; o vermelho e laranja, relacionados às festas populares; o azul do céu e da água; e por fim, o branco, para as manifestações religiosas. A Marca Brasil, atingiu um índice de reconhecimento de 20% pelos turistas estrangeiros – pesquisados no estudo “Perfil do Turista Estrangeiro e Imagem do Brasil, realizada pela Embratur e instituto de pesquisas Zaytec, em 2009” – resultado excepcional pelo pouco tempo de exposição da Marca.

 

Plataforma 10 – Falta um ano das Olimpíadas 2016 que acontecerão no Rio de Janeiro, quais as propostas da Embratur para fomentar o turismo durante o evento?

Vinicius Lummertz  – As Olimpíadas são uma grande oportunidade de mostrar ao mundo que existe um novo Brasil, um país que quer ser mais aberto como já fomos no passado. Nosso grande desafio é repetir nas Olimpíadas o mesmo sucesso da Copa. Entre o segundo semestre de 2015 e o primeiro de 2016, a Embratur deverá realizar o Visit Brasil Olympic, um projeto de eventos específicos de promoção e captação de investimentos em mercados prioritários. Além disso, o Instituto irá lançar durante workshop, realizado junto à operadora de turismo alemã DER Touristik, o catálogo de produtos “Olimpíadas 2016”, em Frankfurt, na Alemanha.

O evento de treinamento terá como tema principal o Brasil e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, para capacitação do trade local. Em parceria com a Embaixada do Brasil na cidade de Londres, a Embratur apoiou o evento que divulgou o Brasil e o Rio de Janeiro como sedes das próximas Olímpiadas. O festival brasileiro, aconteceu no dia 8 de agosto, na Trafalgar Square, com shows ao vivo, incluindo apresentação da bateria de uma Escola de Samba, e atividades esportivas interativas abertas ao público. A gastronomia brasileira esteve presente em quiosques típicos da orla carioca. Assim como foi na feira IMEX Frankfurt, realizada em maio deste ano, a Embratur pretende realizar, neste segundo semestre, uma corrida de rua durante a IMEX América, em Las Vegas. Durante o percurso, o Instituto divulga não apenas o Rio de Janeiro, mas o País inteiro como um destino Olímpico.  Além de estarmos seguindo a agenda de atividades do Instituto com ações voltadas para a divulgação do Rio de Janeiro e as cidades-sede dos jogos (Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Salvador e São Paulo). Em todas as feiras de turismo, eventos e atividades institucionais estamos levando informações e materiais de divulgação dos destinos.

 

Plataforma 10 – Existe alguma parceria internacional pensada para fomentar o turismo no Brasil?

Vinicius Lummertz  – A Embratur, que é uma autarquia ligada ao Ministério do Turismo, tem uma missão nobre que é a promoção do turismo do Brasil no resto do mundo. E o meu diálogo com o ministro Henrique Eduardo Alves é de uma ampliação no papel do Instituto para atuar também na captação de investimentos internacionais e, em conjunto com o ministério, melhorar as condições de investimento no Brasil no setor de turismo. Queremos ainda diminuir as barreiras na concessão de vistos, facilitando a entrada de turistas estrangeiros. O atual modelo da Embratur foi concebido em 2003, trouxe avanços, com maior número de turistas visitando o Brasil, mas agora é o momento de buscarmos um novo modelo. Um modelo que traga mais resultados. O ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, está focado em melhorar o ambiente para investimentos no Brasil.